Um conto de Natal

Acordou cedo para uma véspera de Natal. Estava morrendo de preguiça, o tempo meio mais ou menos... A maior vontade de ficar na cama enrolando! Mas havia combinado de ir correr com um amigo então pulou da cama e foi se arrumar! Passou em um café para tomar um açaí e comprar um isotônico. O dia começou a abrir e o sol apareceu. Linda véspera de Natal...

A manhã foi maravilhosa. Correu quase 1 hora, deve ter dado uns 7 km e pouco, depois foi passear de lancha no lago, teve aulas teóricas de wake board (foi melhor não arriscar) e ainda pulou no lago (estava com vontade de fazer isso há muito tempo!)...

Tirando o fato de ter esquecido de passar protetor solar e ter ficado com a cara vermelha (mais a marca do óculos), deu tudo certo e ficou com um puta gás pra arrumar as coisas pra festa de natal em família mais de noite.

Vida de Amélia agora. Varreu a casa, passou pano, tirou pó, lavou o banheiro e a louça, arrumou o quarto, organizou parte da bagunça, se desfez de algumas bugigangas... A tarde rendeu bastante e ainda deu tempo de fazer deliciosos cookies!

Hora de se arrumar! Ia fica em casa mesmo, ela, papai, mamãe e irmãzinha, mas queria ficar bonitona! Colou um vestido preto com um sapato ma-ra-vi-lho-so que havia se dado de presente. Todo mundo feliz, tomando um vinho gostoso (merlot chileno, pra começar), trocaram presentes e ai veio a primeira emoção... Ganhou um anel lindo de formatura de seus pais, ficou toda chorona e feliz da vida! Mais vinho pra comemorar (mais um chileno, uva carmenère).

Ai o povo começou a ficar com sono... O povo é igual a papai e mamãe. Foram dormir e ela e sua irmã ficaram conversando e bebendo mais vinho, cabernet sauvignon, também chileno, pra fechar a noite.

Então alguma coisa ficou estranha. Bateu o maior sono, as coisas começaram a acontecer sem ela saber bem o que estavam acontecendo. Sua irmã já havia ido dormir, estava sozinha e abandonada na noite de natal. Ela e a missa do galo, cada hora em um idioma e comentada por um cara super sem graça... De repente as coisas ficaram mais estranhas ainda! Foi a mistura das uvas, certamente... Deu um revertério total, foi tudo pra fora.

Ela ficou confusa. Não sabia mais de nada. Além de estar sozinha, havia acabado de fazer uma puta lambança! Então pensou: “to com sono, vou dormir.”. E foi, não se sabe como. Colocou um pijama que não usava há anos e que procurava já tinha um tempo, jogou as coisas no chão e dormiu.

Estava dormindo gostoso quando tomou o maior susto com o susto de sua mãe... “O que aconteceu aqui?! Por que não desligaram a TV e as luzes da sala?? Que cheiro é esse?? @#$%^&**() !!!”. Bleh... Depois da bronca veio a hora de limpar. Mas antes foram assistir a missa de Natal.

Na volta sim, hora de limpar a meleca toda! Cara, que coisa fedorenta e roxa! Tinha vômito em todos os lugares, a sorte é que tinha sido na varanda, mas mesmo assim espirrou tudo, manchou o chão, a parede, o pufe da sala e os pés das poltronas (é... não se sabe como), a mesa de plástico, seu vestido, seu sapato NOVO!! Ficou com um ódio mortal... Mas era a vida, ninguém mandou ter vomitado tudo!

Lambança limpa, começou a ser zuada. “Foi a emoção de ganhar o anel!!”, dizia sua mãe. “A quem essa menina puxou?!”, perguntava seu pai. “Na hora do casamento o padre vai falar assim: você aceita essa vomitona como sua legítima esposa? E o noivo vai responder: aceito porque ela faz deliciosos cookies!”, brincou seu pai novamente. “É um peso morto essa minha irmã mesmo, quer dizer, não é minha irmã não!”, fala sua irmã...

Pois é. O Natal pra ela tinha sido bem agitado. Só depois da missa ela sentiu a ressaca. Também ficou pensando: “logo na noite de Natal, que vergonha do papai do céu! E ainda tenho a cara de pau de aparecer na igreja e pedir pro padre benzer meu anel. Mal sabe ele...”.

Depois se perguntou: “Se no Natal foi assim, imagina no Ano Novo? Seguuuura!”.